Ensino sobre o Inferno.
Por Pr. Valdemir José de Matos.
Com certeza este é um assunto que dificilmente se propaga nos púlpitos atuais. Com intuito de não” constranger os ouvintes”, os pregadores da Palavra evitam-no, afinal, esqueceram que o Evangelho é confronto e há uma verdade estabelecida por Deus quer aceitamos ou não. Por isso que uma análise um pouco mais profunda a respeito se faz necessário, ainda que não tenho a pretensão de esgotar o assunto, em razão de minhas limitações humanas. Trazer uma reflexão séria, bíblica e devocional...Este é o meu objetivo.
Definição:
INFERNO - Em nossas versões comuns, a palavra "inferno" é tradução de três vocábulos
originais: Seol, Hades e Geena.
I. SEOL
Do hebraico שְׁאו . Essa palavra e usada no AT para indicar o lugar dos mortos. Em geral, podemos afirmar que se trata do estado da morte pintado em termos visíveis.
II. HADES
O vocábulo grego Haides representa o submundo, isto é, a dimensão dos mortos conforme os escritos clássicos.
III. GEENA
Esse nome se deriva do termo hebraico ge‘hinom. (NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA. J. D. DOUGLAS,2006 p 616)
גֵּיא בֶן־הִנֹּם - ge‘hinom (acréscimo do autor)
“Hinom
Vale situado a sudoeste de Jerusalém, entre a estrada que vai para Belém e a que vai para o mar Morto. Estava na divisa entre Judá e Benjamim (#Js 15.8). Ali se queimavam crianças no culto a MOLOQUE (#2Rs 23.10). Mais tarde era lugar onde se queimava lixo. Geena é a forma grega do hebraico ge-hinom, que quer dizer "vale de Hinom". A palavra geena ocorre 12 vezes no NT e é traduzida por "inferno" (#Mt 5.22)”. Dicionário Bíblico on line
<https://www.casadosenhor.com.br/dicionario/palavra.php?palavra=HINOM&id=2719>05/11/2020
“HINNOH. Vale, uma ravina perto ou em Jerusalém, cuja localização exata não foi determinada. Aqui as crianças eram sacrificadas ao deus Moloch, e por isso o vale foi considerado amaldiçoado. Sob o nome de Gebemu, Hinom se tornou sinônimo de Inferno (q.v.)” (The Enciclopedia Americana, 1958, pg 199)
O que podemos concluir é que a palavra ‘inferno’ foi uma transliteração das três palavras que se referiam a túmulo, ou lugar dos mortos. “Notas: (1) Quanto à tradução “inferno” da palavra
hades. que corresponde ao sheol, erroneamente traduzido por “sepultura” e “inferno” [...] O verbo tartaroò. traduzido em 2 Pe 2.4 por “havendo-os lançado no inferno”, significa consignar ao tártaro que não é nem o sheol, nem o hades, nem o inferno, mas o lugar onde estão confinados os anjos cujo pecado especial é referido na passagem, “ficando reservados para o juízo”; a região é descrita como “cadeias da escuridão (Dicionário Vine O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento,2002 pg. 710)
Precisamos ter em mente que são intercambiáveis, ou seja, podem ser trocado os termos escriturísticos; o inferno e o Lago de Fogo que é o lugar de punição eterna dos ímpios.
Nosso Senhor Jesus Cristo foi quem mais falou a respeito da existência, duração e o que acontece no inferno. Isto por si só, já bastaria para aceitarmos como verdade escriturística, mas ao logo dos tempos percebe-se que poucos entendem desta maneira. Em <https://www.pop.pt/pt/grafico/a-religiao/crenca-no-inferno/pt-at-es-it-se/?colors=se-4%7Cit-3%7Ces-2%7Cat-1%7Cpt-0> visto em 05/11/2020, há gráficos com diversas pesquisas e a crença na existência do inferno. Apenas 53% na Itália acreditavam sendo o maior percentual da pesquisa, onde outros países ficaram bem abaixo como Suécia por exemplo em 10%. Mesmo levando em conta que a pesquisa foi em 2009, podemos perceber na história a descrença na existência do inferno. Mas repito:
A concepção de inferno na maioria esmagadora é confundida com o Lago de Fogo que arde com fogo e enxofre, ou seja, a concepção de inferno é o lugar onde os ímpios serão atormentados eternamente.
Porque ou para que o Lago de Fogo eterno existe?
Mt 25.41” Mas o Rei ordenará aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos! Apartai-vos de mim. Ide para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos”. (grifo nosso)
Aqui deixa claro que a criação do Lago de Fogo foi especificamente para o diabo e seus anjos(demônios), entendemos também que os homens que fazem a vontade do diabo são seus ‘anjos’, pois anjo no original grego angellos significa mensageiro.
“”άγγελος, ου, 6 —1 . mensageiro, enviado Lc 7.24. —2. Anjo, ser sobrenatural que age como: mensageiro Mt 1.20; guardião At 12.15; intermediário Gl 3.19, servo dos santos Hb 1.14; ger. servos de Deus. Também usado para servos de Satanás, anjos maus, demônios Mt 25.41. [angelical, angelologia]” (LÉXICO DO NOVO TESTAMENTO GREGO / PORTUGUÊS p.10, 1993)
Ap 20.10 O Diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido confinados a Besta e o Falso profeta.
Ap 20.15 E todo aquele cujo nome não foi encontrado escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo.
No Novo Testamento, encontramos várias passagens bíblicas que falam explicitamente sobre a realidade do inferno (Mt 5:22; 8:12; 13:42,50; 18:9; 22:13; 24:51; 25:30,41-46; Lc 16:23; 1Ts 5:3; 2Ts 1:7-9; 2Pe 3:7; Jd 1:13; Ap 20:10 e outras).
Depois de tantas referências acredito estar claro a existência de um lugar(ambiente) onde serão punidos os ímpios.
Uma questão muito comum a respeito do inferno: O diabo governa o inferno?
Tenho certeza que você já ouviu estórias que o diabo fica com um garfo atormentando as pessoas dentro de um caldeirão enorme onde são ‘cozidos’ para sempre se divertindo com os sofrimentos delas, governando o inferno etc...
“O ensino bíblico é exatamente o contrário. Satanás com seus anjos não governa o inferno. Na verdade, ele próprio será sentenciado ao tormento eterno no lago de fogo (Ap 20:10).
O inferno não é um lugar que foi criado para servir de império para o diabo, ao contrário, ele foi criado para servir como o lugar de castigo para ele e seus agentes (Mt 25:41). No inferno, Satanás não poderá atormentar ninguém, muito menos ser o governante do lugar, pois ele mesmo estará experimentando um terrível castigo”. <https://estiloadoracao.com/o-que-e-o-inferno-na-biblia/>
Mas resta a dúvida sobre a duração da punição, afinal a ideia de um Deus de amor não coaduna com um inferno(punição), muito menos por um longo período, não é?
Respondo:
Mesmo sendo o amor na expressão mais exata(infinitamente), foi Deus (Único) quem criou o lago de fogo como demonstrei acima.
Com relação ao inferno há três conceitos que precisamos abordar:
Agnósticos. Sem conhecimento. Ensina que não há conhecimento suficiente do inferno para saber se existe. Ninguém nunca foi lá e voltou. Não há fotos, nem vidências, então se não há conhecimento, vestígio, provas, não há conhecimento suficiente assim, não pode existir um lugar como esse. Não creem na existência do inferno por dizerem que não há evidências suficientes para comprovar um lugar como esse.
As evidências que dispomos são as Sagradas Escrituras que em matéria de fé é suficiente. Sola escripturas.
Universalistas. Por Russel Shedd. O ensinamento que afirma que todos os homens serão salvos pela misericórdia de Deus se chama “universalismo”. De modo crescente, o universalismo se insinua por declarações da Igreja Católica Romana, bem como alguns grupos e igrejas protestantes de linha mais liberal. Esta doutrina se mantém e se propaga pela força de dois tipos de argumentação. O primeiro, sendo teológico, apela para a razão e emoções humanas, enquanto o segundo se fundamenta em interpretações duvidosas de alguns trechos da Bíblia. O universalismo [...] foi condenado no Concílio de Constantinopla como uma heresia em 543 d.C. Reapareceu entre os mais extremados anabatistas, alguns Morávios e outros poucos grupos não ortodoxos. Schleiermacher, conhecido pai do liberalismo, abraçou esta posição, seguido por teólogos mais radicais como John A.T. Robinson, Paul Tillich, Rudolph Bultmann. Até o mais destacado teólogo do século 20, Karl Barth, não se posicionou contra esta esperança, mesmo sem se declarar abertamente a seu favor. Os evangélicos, porém, se opõem contundentemente a essa doutrina. Eles reconhecem no universalismo uma forma moderna da mentira de Satanás no jardim: “Certamente, não morrerás”. <http://bereianos.blogspot.com/2011/03/o-que-e-universalismo.html>
Aniquilacionistas. O aniquilacionismo é a visão de que os perdidos no inferno serão exterminados após terem pago a pena por seus pecados. Ou seja, após um período de punição seja o tempo que for, longo ou curto, sendo ‘compensado’ os delitos cometidos serão aniquilados (deixarão de existir).
Recomendo a leitura do livro: “A eternidade dos tormentos do inferno uma pregação de Jonathan Edwards em 1739” de onde passo a citar:
-
Não é contrário às Perfeições Divinas Punir os Ímpios Com Um Castigo Que é Absolutamente Eterno.
Esta é a soma das objeções que geralmente são feitas contra esta doutrina: ela é inconsistente com a justiça e, especialmente, com a misericórdia de Deus. E alguns dizem que se ela for terminantemente justa, ainda assim, como podemos supor que um Deus misericordioso pode eternamente suportar o tormento de suas criaturas?
Primeiro, irei mostrar rapidamente que não é incompatível com a justiça de Deus infligir um castigo eterno. Para evidenciar isso, vou usar apenas um argumento: o pecado é abominável o suficiente para merecer tal punição, e tal punição não é nada mais do que proporcional ao mal ou a culpa pelo pecado. Se o mal do pecado for infinito, como a punição o é, então é evidente que a punição não é mais do que proporcional ao pecado punido, e não é nada mais do que o que o pecado merece. E se a obrigação de amar, honrar e obedecer a Deus for infinita, então o pecado, que é a violação dessa obrigação, é a violação de uma obrigação infinita, e, portanto, é um mal infinito. Novamente, se Deus for infinitamente digno de amor, honra e obediência, então nossa obrigação de amar, honrar e obedecer-lhe é infinitamente grande de modo que, Deus sendo infinitamente glorioso ou infinitamente digno de nosso amor, honra e obediência, a nossa obrigação de amar, honrar e obedecer-lhe (e assim evitar todo o pecado) é infinitamente grande. Novamente, sendo a nossa obrigação amar, honrar e obedecer a Deus infinitamente grande, o pecado é a violação de uma obrigação infinita, e assim é um mal infinito. E mais uma vez, sendo o pecado um mal infinito, ele merece um castigo infinito. Um castigo infinito não é nada mais do que o que ele merece. Portanto tal punição é justa; que era o que deveria ser provado. Não há como fugir da força deste raciocínio, a não ser negando que Deus, o soberano do universo, é infinitamente glorioso, o que eu presumo que nenhum de meus ouvintes vai se aventurar a fazer.
Segundo, mostrarei que não é incompatível com a misericórdia de Deus punir os ímpios com um castigo eterno. É uma noção irracional e antibíblica da misericórdia de Deus, que Ele é misericordioso a tal ponto que não pode suportar que a justiça penal seja executada. Isto é imaginar a misericórdia de Deus como uma paixão da qual sua natureza está tão sujeita que Deus é passível de ser mudado, afetado, e subjugado ao ver uma criatura no tormento, de modo que Ele não pode suportar ver a justiça sendo executada: o que é uma noção extremamente indigna e absurda da misericórdia de Deus; e que provaria, se fosse verdade, uma grande fraqueza seria um grande defeito, e não uma perfeição, no soberano e supremo Juiz do mundo, ser misericordioso a tal ponto de não poder suportar ter a justiça penal executada. Esta é uma noção antibíblica da misericórdia de Deus. As Escrituras em toda a parte expõem a misericórdia de Deus como sendo livre e soberana; e não que a prática dela seja tão necessária a ponto de Deus não poder suportar que a justiça seja feita. As Escrituras abundantemente falam dela como sendo a glória do atributo divino da misericórdia, que ela é livre e soberana em suas práticas; e não que Deus não pode fazer nada a não ser libertar os pecadores do tormento. Esta é uma noção extremamente indigna e medíocre da misericórdia divina.
[...]
Entretanto, fortes objeções desse tipo. contra o tormento eterno dos ímpios, podem parecer aos carnais homens de coração insensato como se o tormento fosse contrário a justiça e misericórdia de Deus; todavia a sua força aparente surge de uma falta de senso do mal infinito, da odiosidade e da provocação que há no pecado. Por isso, parece-nos não ser adequado que qualquer pobre criatura seja objeto de tanto tormento, porque não temos nenhum senso de algo que é abominável e provocante em qualquer criatura responsável por isso. Se tivéssemos, então esta aflição infinita não pareceria inadequada. Pois uma coisa apenas pareceria correspondente e proporcional a outra, e assim a mente descansaria nisto como sendo justo e apropriado, e nada mais do que é próprio de ser ordenado pelo justo, santo e bom Governador do mundo.
Ainda em relação ao tormento eterno Jonathan Edwards afirma:
Esta doutrina é tão contrária às inclinações depravadas da humanidade, que os homens odeiam acreditar nela e não conseguem suportar que isso seja verdade. ( A eternidade dos tormentos do inferno pg 6, 2013)
Em Apocalipse lemos:
O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos. (20.10)
Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. (vv. 14-15)
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (21.8)
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. (22.14-15)
A história da Bíblia não termina dizendo: “E os injustos foram destruídos e não existem mais”. Também não diz: “E no fim, todas as pessoas serão reunidas pelo amor de Deus e serão salvas”. (grifo nosso)
Mas, quando Deus encerra sua história, seu povo desfruta de infinito êxtase com ele na nova terra. Mas o perverso sofrerá tormento sem fim no lago de fogo e será deixado de fora da Cidade Santa, a Nova Jerusalém, que é a jubilosa morada de Deus e seu povo para sempre.
Nós não temos direito de reescrever a história bíblica. Pelo contrário, devemos deixar que Deus defina o que é justo e injusto e o que é proporcionado com seu ser “tudo em todos”. Ele não nos deixa em dúvida quanto ao inferno porque ele ama pecadores e quer que eles creiam no evangelho nesta vida. <https://ministeriofiel.com.br/artigos/aniquilacao-ou-punicao-eterna/>
Podemos concluir que:
Fogo Eterno, Perdição, Condenação Eterna, Destino dos ímpios, Segunda Morte, Inferno são termos para o Lago de Fogo que arde com fogo e enxofre.
Sem atenuação, diminuição, mas constante acréscimo de tormentos (enxofre simboliza aumento)
O inferno é real, um lugar(ambiente) específico.
Foi criado por Deus para punição eterna do diabo com seus anjos/homens que fazem sua vontade.
Satanás não manda no inferno, sofrerá maior punição(tormentos) de todos.
Sua existência bem como sua atuação são eternas, sem fim.
De seu eterno aprendiz Senhor Jesus...Valdemir.