Estudo sobre a Transubstanciação
Por Valdemir José de Matos
Sobre o que foi apresentado de que Jesus quando disse “isto é” meu corpo e sangue, estava de alguma forma nos itens pão e vinho materialmente, porque ele sendo o Logos tendo toda a matéria criada por Ele, dando ‘base’ para a transubstanciação divirjo apresentando as considerações que se seguem:
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14
“Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade; Colossenses 2:9
A manifestação do Verbo (Logos) em carne (dentro do espaço e tempo obviamente) sendo seu corpo a “plenitude da Divindade” sem a exclusão de nenhum Atributo nos remete ao esvaziamento do Logos naquilo que identificamos de Kenosis com os texto base:
“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. Filipenses 2:6-11
Este esvaziamento não é deixar de ser plenamente Deus, mas sim deixar de agir como Deus, assumindo a posição do Servo (não de Senhor) isto se deu apenas no ‘projeto de salvação’.
Dentro deste contexto entendemos que quando Jesus realizou milagres não o fez porque é Deus, mas sim porque enquanto homem aqui na terra era um crente no sentido literal da palavra.
Tudo isto é necessário assimilarmos para entender o porque da transubstanciação não fazer sentido (no contexto bíblico, claro), nem mesmo com a metafísica apresentada pelo Sr. Olavo de Carvalho no endereço :<<https://www.youtube.com/watch?v=VqgYDCSlq5w&t=25s>>, onde apresentei minha refutação...
Prossigo:
Ao analisarmos acima, contraria que por ser o Logos, Cristo estava de alguma forma no pão e no sangue simplesmente não porque não poderia, mas sim porque “Ele se limitou a não contrariar o que já havia estabelecido, ou seja não estar fisicamente em dois lugares ao mesmo tempo”
Não houve transubstanciação mas foi metafórico sua expressão ‘isto é’. Outro exemplo:
“Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.
Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.
Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens”. João 10:6-9
Obviamente que Jesus não era uma porta, nem se transportou para ela como foi dito em relação ao pão e vinho. No contexto Ele deixa claro que se tratava de uma parábola (comparação) Outra passagem:
“Eu sou o pão da vida.
Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.
Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?
Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre”. João 6:48-58
Aqui fica claro que Ele diz carne (σαρξ) não corpo (Σώμα) e ninguém comeu a carne de Jesus literalmente. Óbvio.
Porque a transubstanciação não ocorreu? Porque Jesus se limitou durante seu ministério terreno. Não foi imposto ou levado a... Não foi condicionado, afinal quem poderia obriga-lo a fazer qualquer coisa? Ele “se entregou” a todo o processo de salvação, ou seja, sua vida e sofrimento VOLUNTARIAMENTE.
Dentro deste contexto se limitou a ser como nós (limitados) e em momento nenhum deixou de ser assim, pois seria uma incoerência(mentira) e isto é impossível “ ...Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;...” Hebreus 6:18
O que significa então o..”isto é meu corpo e sangue”?
Não está presente como na transubstanciação. Nem na Consubstanciação, onde o pão e vinho se fundem, juntam formando o corpo de Cristo, mas sim devemos crer que é o corpo e sangue do Senhor. O que está implícito é a nossa fé em tudo que ele fez por nós e na ministração da ordenança da Ceia do Senhor.
O que é a fé?
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. Hebreus 11:1
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”. Hebreus 11:6
Espero ter ajudado ainda que em algo mínimo sobre este assunto excelente que com certeza não se esgota aqui. Graça e Paz.
De seu eterno aprendiz Senhor Jesus...Valdemir.